segunda-feira, 17 de novembro de 2008

FUCKING SUBWAY! (parte 1)

23:43 de sábado. Depois de um dia totalmente zoado – produzi pouco, perdi minhas notas de leitura de Tocqueville num software novo que estava usando, minhas costas doem como resultado de carregar uma garota bêbada e desmaiada na festa na casa de um professor ontem à noite entre outras coisas menores – estou tentando voltar para casa e o metrô parou. Metrô em NYC depois da meia-noite e nos finais de semana é um saco: demora, pará no meio do caminho e os operadores pedem na maior cara de pau pelo sistema de som para os passageiros serem pacientes. Hoje estou com uma “sorte” danada, rapaz: entrei num vagão no qual um maluco tem o som do celular ligado no talo – provavelmente ele não sabe que a grande descoberta dos últimos cinqüenta anos é o headfone – e do meu lado estão três garotas (duas negras e uma latina) bêbadas, gritando palavrões – cada frase é terminada com um fuck, que nesse caso é um adjetivo e não substantivo ou verbo – e fazendo uma festinha privada dançando com a música de um iPod compartilhado por duas. Bem, não tive dúvidas: hora de sacar do laptop na backpack e escrever sobre um tema que já venho enrolando há certo tempo para botar no blog: o metrô de NYC. Pause... Nesse exato momento o vagão de trem virou um hip-hop club, as garotas dançam, mas não dá para ouvir a música que embala as quebradas de cintura. Pelos movimentos parece ser alguma canção “hot” [sexy], do tipo Nelly... “It’s getting hot in here... So take off all your clothes...”. Só falta elas levarem a sério a sugestão e começarem a se despir. 125 ST Subway Station, Harlem. Vou terminar o texto em casa, mas foi um bom começo!

117 ST, home. Num de meus cursos na New School nesse semestre estamos criando um romance de forma coletiva e orgânica. Rolaram várias discussões sobre qual seria o plot do texto e uma aluna teve a idéia de tentar retratar a cidade de NYC como um organismo vivo de forma que nossos relatos viriam sempre do metrô, como se estivéssemos no interior do mesmo. Eu gostei dessa associação do subway com a parte interior, escondida da cidade. Dessa perspectiva, NYC é uma cidade bem americana que só come junk food, uma vez que seu “interior” é velho, quente, abafado, fedorento, sujo e cheio de ratos que são perfeitamente visíveis das plataformas no seu rolêzinho básico entre os trilhos. Eis um dos motivos pelos quais adoro cidade grandes como NYC e SP e sou literalmente um tipo urbana, embora não compre todas minhas roupas na Urban Outfitters, a loja preferida dos urban hipsters de NYC (www.urbanoutfitters.com). Pois é, nada mais gostoso do que poluição, violência, motoristas estressados e barulhos de sirenes e britadeiras machucando nossos tímpanos.

Há muitos anos atrás, quando era um “aborrescente”, assisti um filme que me deixou uma péssima impressão da Big Apple. Em The Warriors (1979), dirigido por Walter Hill, você vê uma NYC bem assustadora, cheia de gangues violentas e áreas decadentes. A época não ajudava muito mesmo, já que a cidade enfrentava uma crise econômica enorme efeito do processo de desindustrialização que dava seus primeiros sinais. Outro filme que captura bem esse é Taxi Driver (1976) de Martin Scorsese. Mas voltando ao primeiro filme, The Warriors é uma gangue acusada de ter assassinado uma espécie líder dos grupos juvenis nova-iorquinos numa reunião ocorrida na Union Square numa noite quente de verão. Na confusão do tiroteio, eles pegam o metrô errado e acabam indo parar no Bronx, extremo norte da cidade. Eis o desafio: cruzar Manhattan de metrô, no meio da noite, para chegar na sua “área”, Cone Island – extremo sul da cidade –, ao mesmo tempo que são perseguidos pelas gangues rivais e a polícia. O metrô nova-iorquino serve de pano de fundo para o desenvolvimento do filme que virou cult de alguns anos pra cá. Depois de assistir várias vezes a película, virei fã antes mesmo de morar por aqui. Toda vez que pego o metrô na Grande Maçã, tenho a impressão de estar dentro desse filme, já que nada mudou nas estações e os trens ainda parecem os mesmos (com exceção de não serem grafitados). Assistam o trailer e chequem o site do filme aí embaixo. No próximo post vou contar as palhaçadas que já rolaram comigo e meus amigos no metrô das bandas de cá...
Site do filme The Warriors: http://www.warriorsmovie.co.uk

6 comentários:

Tiago Frúgoli disse...

vizualisaei totalmente a cena no metro! Bela crônica, abraço!!

Renata F.M. Astrogilda da Silva disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

O que eu acho mais bacana nesse filme é observar o naipe das gangs. Tem os caras de regatinha, os chineses de bonézinho e até uma gangue de mímicos, hahahahahaha.
Mas a minha preferida é a dos neguinhos de colete roxo, que que é aquilo? hahahahahahaha.
Outra coisa que eu acho engraçada: que gangue é essa que os caras pagam passagem? Pô, se a graça do negócio é justamente ter um respaldo pra contravenção, rsrsrsrs.

Anônimo disse...

Porra, apertei o botão precipitadamente, rsrsrsrs

Anônimo disse...

Olá que máximo... adorei.
Essas coisas só mesmo em metropoles.
Você me fez lembrar do metro em Sampa na noite em que o Papa Bento XVI rezou uma missa para juventude.

Umas meninas católicas fervorosas cantavam uma musica em ritmo de funk do tipo carioca e diziam assim:

" eu 'tava' naquela esquina, foi Jesus quem me salvou. Estou arrepedidinha, estou arrependidinha...."
Na parte do arrependidinha tem que rebola em ritmo de funk e descer até o chão.
tudo de bom!!

Curso de História - Miguel Maluhy disse...

viva a operação tolerância zero!