quarta-feira, 10 de junho de 2009

Medo/Saco de Voar e "Probremas" de "Ingrêis"!

13 h 35 min de 8 de junho. No momento em que começo a escrever esse post estou a sei lá quantos mil pés de altura sobrevoando o Caribe - passando pela Jamaica para ser mais preciso - em direção ao Brasil (nos Airbus 330 da TAM dá pra acompanhar o itinerário do avião pelo vídeo da sua poltrona). Estar nas nuvens e deixar a gringolandia por umas semanas me fez refletir sobre duas coisas. A primeira delas diz respeito ao medo e a enchenção de saco que é voar. Outra faz referência ao que eu chamaria "language breakdown". Comecemos pelo neurose de voar...

http://www.surfersvillage.com/gal/pictures/1215airplanes.jpg

Se Pudesse, Não Viajaria de Avião... Não na Classe Econômica!

Viajar de avião após acidentes aéreos é sempre uma situação estranha. A mídia americana e brasileira não pará de bombardear o público com informações e histórias - umas necessárias e outras inúteis - sobre o acidente com o voo 447 da Air France ocorrido na semana passada. Mais divertido para mim foi descobrir, ao verificar informações sobre meu voo pela internet na madrugada de segunda, que iria fazer o itinerário NYC-SP com o mesmo modelo de aeronave que havia se despedaçado no Atlântico com mais de 200 passageiros a bordo a caminho de Paris vindo do Rio de Janeiro. Contudo, nessas horas você recorre a todas as estatísticas que evidenciam que viagens de avião são as mais seguras dentre as várias opções de transporte coletivo e que o número de acidentes aéreos é irrisório se comparado ao montante de voos que são feitos diariamente. Mas aí você vira para si e diz: "Mas e se eu for o contemplado dessa mórbida loteria?" Se fu... Que seja rápido e indolor!

Mas viajar por vias aéreas ficou um saco depois do dia 11 de setembro de 2001. Nem preciso dizer o que aconteceu nessa data, não? Pois bem, as normas de segurança se multiplicaram e há um longo caminho nos aeroportos que separam você de uma aeronave. Iniciemos pela comparação dos aeroportos Guarulhos e JFK.

http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/d3/AeroportoGuarulhos_TPS1-Interno.jpg
(Guarulhos)

Três pontos positivos para Guarulhos: os carrinhos para transportar bagagem são na faixa/vasco, as malas são despachadas no balcão de check in das companhias e os funcionários das empresas são simpáticos (bem, a tão afamada simpatia brasileira foi colocada a prova na crise aeroviária de um ano e meio atrás). Pontos negativos: Guarulhos não é espaçoso e os viajantes universalmente conduzem mal seus carrinhos (resultado: tenha cuidado com seus pés e pernas), chegar/sair no/do aeroporto em dias de trânsito é tarefa para bravos e corajosos motoristas e, por fim, você até consegue chegar de metrô e ônibus, mas não é nada comfortável (ao menos a opção mais barata do circular que faz o trajeto Guarulhos-Estação Tatuapé).

O JFK tem "apenas" seis terminais a mais do que Guarulhos. Os oitos terminais garantem espaço para as dezenas de companhias aéreas que lá operam e mais comforto para os passageiros. Há um Air Train que faz o transporte dos passageiros entre os terminais e dos terminais para duas estações de metrô. Caso se esteja levando pouca bagagem, é perfeitamente possível pegar o metrô para chegar/sair do JFK. Coisas ruins: os carrinhos não são na faixa, custam US$ 5, e o despache das malas não é feito no balcão de check in das companhias, mas geralmente em um lugar determinado para o qual o passageiro deve levar sua bagagem. Finalmente, os funcionários das companhias áereas não são nada simpáticos. Fingem trocar simpatia por eficiência, mas não convencem um viajante mais experiente: são ruins mesmo!

(JFK)

Okay, independente de onde esteja, Guarulhos ou JFK, você conseguiu passar por todos esses impecilhos iniciais, esforços físicos e está prestes a embarcar somente com a sua singela - e muitas vezes pesada - bagagem de mão. Mas como já disse Racionais MCs em Pânico na Zona Sul: "Se você acha que o problema acabou/Pelo contrário, ele apenas começou!" E ele começa literalmente com a série de funcionários que verificam uma, duas e até três vezes o seu passaporte, visto e sua passagem. Como sempre, simpáticos e delicados como um elefante. Em seguida, minha parte favorita: raio x e detector de metais. Morro de rir quando vejo mulheres, geralmente brasileiras, indo para viagens cheias de pompa calçando botas ou sandálias de salto alto. A mochila de viajantes então, no caso de se estar voltando dos EUA, deve estar cheia de aparelhinhos eletrônicos (alguns novos e outros velhinhos) como máquinas fotográficas, iPods e laptops. O bolso, suponho, dever estar cheio de moedas que se intencionava usar para pagar o último Hazelnut no Starbucks, a fivela do cinto é uma daquelas de comboy americano ou hip-hopper que pesa três quilos e o seu tênis é um Nike Air Jordan bonitão que será exibido no Brasil com muito orgulho: "todo mundo vai pagar um pau lá em casa, ó?!" Okay, ladies and gentlemen: muita gente fica quase nua - inclusive nossas amigas calçando botas e salto alto - ao passar pelo detector de metais e demora um tempo considerável para tirar todos os aparelhos eletrônicos colocados estrategicamente nas mochilas mas que devem ser retirados para passar pelo raio x. Algumas senhoras desavisadas perdem potes de creme que ultrapassam os 100 ml permitidos para ir a bordo da cabine da aeronave. Tudo isso ocorre, obviamente, sobre os olhares e as instruções dos funcionários dessa seção dos aeroportos. Extremamente cordiais, com gritos que lembram um técnico de futebol numa final de campeonato, eles instruem os passageiros que muitas vezes não falam a sua língua. Divertido de ver, triste de experimentar...

Pois bem, você passou. Foi difícil, mas você conseguiu. Está na sala de espera para embarque e só lhe resta ser recepcionado na aeronave por aeromoças e o comandante em sorrissos que lembram comercial de pasta de dente. Bonitos, mas fakes! Bem, nesse momento me lembro de duas situações. A primeira delas foi quando acompanhei um dean (espécie de diretor acadêmico) da Howard University, Orlando Taylor, ao aeroporto de Guarulhos anos atrás. Na minha ingenuidade encaminhei o ilustríssimo senhor para a fila - lotada diga-se de passagem - da classe econômica da American Airlines e ele, muito sutilmente com seu charmoso inglês, apontou a fila da primeira classe. Mico, não?! A outra situação foi há muitos anos atrás quando um amigo reclamava do fato de estar cansado de viajar na classe econômica e lembrava de forma nostalgica de um projeto do qual tinha participado nos EUA que exigia várias reuniões em NYC e todas as viagens eram feitas na primeira classe. Eu achei a fala de meu amigo fresca, afinal, na minha inocência de juventude, tanto fazia classe econômica como primeira classe, o importante era ter a chance de viajar.

Realmente, pode parecer arrogância, ainda mais num país onde tão poucas pessoas viajam internacionalmente e/ou de avião, mas hoje entendo como viajar na classe econômica é uma m... Filas gigantescas nos check ins e aperto total na poltrona. Durante meu último voo, nas idas ao banheiro, ficava olhando com inveja o povo da classe executiva e primeira classe com espaço suficiente para esticar as pernas se espreguiçando. Incrível como as minhas aulas de economia na graduação me fizeram entender como espaço pode se tornar um recurso escasso. O que é demandado entre as várias categorias de passagens aéreas, mais do que os serviços, é basicamente espaço. Okay, não vou reclamar se me servirem champagne durante o voo, assim como o fazem na primeira classe, mas mais espaço para esticar minhas perninhas numa viagem de 9 horas já resolveria bem o problema!

Entretanto, minha viagem de vinda para São Paulo foi tranquila. Não peguei turbulência, não tive acompanhantes, ouvi o novo CD de Adriana Calcanhoto e uma coletânea do New Order nas opções da rádio TAM, li um artigo sobre o pintor Francis Bacon (1909-1992) na New York Magazine que comprei semanas atrás, li parte de um conto do livro que estou lendo no momento, The Best Short Stories By Black Writers (1899-1967): The Classic Anthology organizada por Langston Hughes, comi alguma coisa morta - parecia um frango - no "delicioso" almoço servido a bordo, tentei encher a cara de vinho branco, babei na manta verde água fornecida aos passageiros para se proteger do frio do ar-condicionado e comecei a escrever esse post. Ah, tinha uma criança muita "charmosa" que contou todas as suas histórias sobre o escolinha que ela frequenta num tom de voz nada difícil de não se ouvir. Viajar é um grande barato!

O post sobre "ingrêis" fica pra amanhã, já que esse ficou muito grande!!!

12 comentários:

Allyne disse...

Rapaz ... imagina a saga que foi vir pro Japão - 11 horas Rio- Paris, mas 12 horas Paris-Japão de classe ecônomica.

É dor fisíca. Mas o que me encontaja é o pensamento que estou estudando e que, um dia, acaba essa vida de viagem longa de classe econonomica. O ó.

Raphael Neves disse...

A cagada foi no dia 11 de setembro e não 9, porra. Já virou gringo e fica botando o mês (9) antes do dia.

Raphael Neves disse...

Tinha alguém famoso no vôo além de você? Hahahaha... post engraçado Kibão. É, acho que na hora de escolher a aeronave, se pudesse, pedia Boeing! Abraços e aproveita o Brazil, se é que você me entende... ;)

Márcio Macedo disse...

Querida Allyne,

23 horas de classe econômica é tática de tortura da CIA, pelo amor!

Bem, estou torcendo para que a fase da classe econômica passe mesmo depois que começarmos a trabalhar. Pelo menos uma executivazinha, né???

Beijos carinhosos,

Márcio/Kibe.

Márcio Macedo disse...

Fala Rapha,

Texto corrigido, valeu pelo toque!

Ninguém famoso no avião, só brasileiro sacoleiro de primeiro mundo. Contudo, ainda tenho esperança de dividir a companhia num voo de 9 ou 10 horas com a beldade da Taís Araújo, ainda mais agora que ela está solteira e eu também. Mas pra isso, preciso subir na hierarquia aérea e começar a frequentar a classe executiva ou primeira classe.

Sei da sua preferência por Boeing, mas pra mim é tudo a mesma merda. Em caso de acidente, se estiver ao lado de uma preta bonita, ao menos vou morrer feliz! Sabe como é, "eu sou brasileiro, não desisto nunca!"

Vou aproveitar o Brasilsilsil! Fazer cooper nas ruas de Limeira.

Abraço,

Márcio/Kibe.

Ari disse...

Fazer Cooper nas ruas de Limeira!? Quer levar um teco, mano? Pirou vivendo no Primeiro Mundo, é? Bom, qualquer modo, seja bem vindo...
A (des)propósito, primeira classe é melhor em tudo, seja avião, trem ou navio...

Anônimo disse...

que besteira! morrer pode acontecer num acidente de avião ou você tropeçar e cair no cooper... Seu blog foi indicado por um conhecido...legal convenhamos vc escreve corretamente ms não necessariamente me surpreende, nem sempre o correto é o certo. Mas vamos ver se não é mais um autor com a santa necessidade de atenção máxima sobre tudo o que ele faz...
veremos.

Márcio Macedo disse...

Seja bem-vindo Anônimo!

Cara, eu não ando surpreendendo ninguém ultimamente e meu blog também não irá. Ele é apenas mais um no mar de milhares que estão na rede falando de coisas banais e previsíveis!

Abraço,

Márcio/Kibe.

Mojana disse...

Oi Kibe. Veja como são as coisas: além de pagar caro e viajar apertado, ainda tem aquelas coisas que só acontecem por aqui. Para sua alegria e satisfação, você vai viajar pela TAM de volta a NY após as suas semanas de férias na terra brasilis, nós, por outro lado, continuaremos nos deliciando com as maravilhosas "promoções" da Gol, que, por sinal, começou a cobrar pelo lanche nas viagens. Em breve eles irão cobrar inclusive pelo mini-pacote de amendoim, rsrsrs.

Ari disse...

Levar um teco num é sofrer um acidente cárdiovascular, ou escorregar no cadarço do tênis...
E, claro, o uso da expressão foi intentado como uma piada (de mau gosto) sobre a aprazível Limeira e o ensolarado Brasil, onde todos são iguais perante a lei, sem que haja nem agora nem nunca tenha havido nenhum preconceito racial ou social ou de gênero....

Márcio Macedo disse...

Porra Ari,

Você esqueceu de que além de não termos nenhum tipo de preconceito e sermos todos iguais perante a lei, todos tem acesso a ela, independente de classe social! Viva os "adevogados" do Brasil e a OAB, seu "dotô"!

Márcio Macedo disse...

Mojis,

Entendo que a Gol é uma bosta, mas comida de avião é tudo a mesma nhaca. O que gosto mesmo é das bebidinhas da TAM. Nada melhor do que um Jack Daniels, um OJ ou um vinhozinho branco. Dá pra descer bem loco do avião. Agora, amendoim também é bom, o cara já desce do avião "pronto", se é que você me entende.

Beijos,

Márcio/Kibe.