sábado, 11 de setembro de 2010

Neo-Soul Black Nerd!

 

Camas, lençóis, clubes noturnos, piscinas e pouquíssima roupa: o típico enquadramento de um vídeo de R&B ou neo-soul. Aqueles pretões e pretonas com corpo de modelo e pele impecável num roça roça que tira qualquer um do sério. Pois é, a fórmula é velha e garantida, mas já anda dando no saco. Foi por isso que o vídeo da gatíssima Sabrina Starke, dona de um beiço delicioso, pele preta linda e dreadlocks charmossérimos, me chamou a atenção. A sugestão veio de minha amiga de SP, Twylla Rocha. Pela primeira vez vi o ambiente de trabalho de um black nerd como eu, uma biblioteca, virar  cenário de filmagem de um vídeo de R&B (pode deixar os catarrentinhos assistirem, não tem ninguém transando em cima de livros ou fazendo algo pervertido com eles). Starke nasceu em Paramaribo no Suriname em 1979 e vive em Roterdam, Holanda. A moça é dona de um álbum, Yellow Brick Road, lançado em 2008 pela Blue Note.

Divirta-se com o som da patrícia no vídeo Sunny Days. Pena estar assistindo algo assim no início do frio aqui em New York Shittt!...

Muita Paz!

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Gay, Judeu, Afrikaner, Árabe e Islâmico/Muçulmano: Hip-Hop/Rap!



Ainda me lembro de uma edição da revista Bizz do início dos anos 1990 na qual havia uma pequena entrevista com Chuck D, a principal cabeça por trás da banda de rap Public Enemy, em que entrevistado fazia uma associação entre a música rap e a linguagem binária utilizada pelos computadores. Nessa analogia, D sugeria que o rap era definitivamente a música do futuro por simples a ponto de combinar a qualquer outro ritmo. O hip-hop/rap nasceu em fins dos anos 1970 nas quebradas caóticas do The Bronx, New York Shitttt!!! O cenário da área era desolador devido a crise econômica que abatia a cidade como um todo, mas afetava de forma mais severa as áreas mais pobres da metrópole norte-americana. A letra da canção The Message (1982) da banda Grandmaster Flash and The Furious Five (foto abaixo de Flash), descreve muito bem a condição desses bairros nessa época. Diz o rapper que se vê...

"Broken glass everywhere/People pissing on the stairs, you know they just don't care/I can't take the smell, I can't take the noise no more/Got no money to move out, I guess I got no choice/Rats in the front room, roaches in the back/Junkies in the alley with the baseball bat/I tried to get away, but I couldn't get far /Cause a man with a tow-truck repossessed my car."

Tradução tosca via Kibe's Translator: (Vidro quebrado em todos os lugares/Gente mijando nas escadas, você sabe que eles não se importam/Eu não posso aguentar o cheiro, Eu não posso mais aguentar o barulho/Eu não tinha dinheiro pra me mudar, Eu acho que não tive escolha/Ratos no quarto da frente, baratas no de trás/Viciados no beco com um taco de beisebol/Eu tentei sair fora, mas não consegui ir muito longe/Porque um homem com um guincho rebocou meu carro).

Ou seja, o hip-hop, em suas quatro linguagens (DJ, MC, grafite e dança de rua) surgiu dando voz a uma juventude marginalizada, majoritariamente negros (norte-americanos e caribenhos) e latinos, que não possuia acesso a equipamentos de lazer e se encontrava dissociada das formas convencionais de se fazer música justamente num momento de transição social, política, econômica e tecnológica.

 

Passados 30 anos, o hip-hop, mais especificamente o rap, se tornou parte do mainstream da "cultura" pop contemporânea num processo similar ao que havia ocorrido ao rock in roll anteriormente.  Jovens ao redor de todo mundo ouvem e fazem rap e essa expressão musical serve como forma de comunicação de outros grupos, extrapolando as fronteiras dos grupos raciais/étnicos/nacionais nos quais a mesma nasceu. O primeiro backlash veio de dentro do próprio hip-hop quando o grupo Rainbow Flava, surgido em 1996 na cidade de San Francisco e liderado pelo rapper Dutchboy, desafiou a hegemonia homofóbica que reinava na parada com seu gay hip-hop. O grupo durou até por volta de 2001, mas abriu as portas para rappers/hip hoppers hetero/homo/bi e transexuais que curtiam hip hop/rap mas não se identificavam nem aceitavam as letras homofóbicas que carregavam as letras de várias canções de rap ou a postura de certos artistas. Uma bom mergulho nesse universo é realizado pelo documentário Pick Up The Mic (2005), dirigido por Alex Hilton, sugestão de filme dada a mim por meu truta Oga Mendonça e que assisti recentemente pelo Netflix. Ao término da película lembrei que a mesma já foi exibida no Brasil em 2007 num festival de filmes relacionados a diversidade sexual. Assista ao trailer da parada logo abaixo:



Caso você tenha interesse em gay hip-hop visite os sites GayHipHop e OutHipHop. Uma outra cena bastante interessante e peculiar é a do rap judeu. Uma das figuras mais emblemáticas desse movimento é o norte-americano Y-Love. Nascido em Baltimore, Maryland, e radicado no Brooklyn, New York, Meet Yitz Jordon é um afro-americano descendente de porto riquenhos convertido ao judaísmo ortodoxo cuja rimas misturam línguas tão diversas quanto inglês, hebreu, iídiche, árabe, latim e aramaico. Mesmo que a existência de judeus negros não seja algo novo ou extraordinário (lembrei aqui da operação de resgate de milhares de judeus negros na Etiópia realizada pelo governo israelense durante o período de fome e guerra vivido nesse país nos anos 1990) a figura de Y-Love ainda desperta interesse e curiosidade.

 

O rapper afirma que desde criança manteve admiração e interesse pela cultura judaíca devido a figura da avó que sempre estabeleceu relação com tradições judaícas mesmo não sendo judia ou tendo se convertido. Love foi criado por uma mãe solteira que ganhava menos de US$ 20.000 anuais (uma mereca por aqui!) e que faleceu em 2005 em resultado do vício em drogas (cocaína) e álcool.  Seu interesse pelo judaísmo se manteve forte na adolescência, mas foi nos anos de faculdade, ao se envolver com a cena punk rock de Baltimore e conhecer movimentos anti-racismos que ele decidiu se converter de fato. Após convertido, o artista confessa que sofreu discriminação de ambas comunidades, judaíca e negra. Veja abaixo vídeo dos artistas DeScribe e Y-Love na canção Change.



Músicos de origem judaíca não são novidade, vide figuras como Lou Reed, Beastie Boys e Lenny Kravitz (filho de pai judeu). Contudo, nenhum desses artistas incorporou a temática da religião em suas músicas ou no seu estilo de vida. O divisor de águas e criador de uma nova tendência foi a banda de reggae Matisyahu que surgiu na metade dos anos 2000 mesclando as suas letras de cunho social, político e religioso toda uma estética envolta no judaísmo ortodoxo tão presente em certos bairros do Brooklyn como Crown Heights e Midwood. Foi no nicho aberto pelo Matisyahu que rappers como Y-Love e outros músicos na pegada de DeScribe e Etan G vem trilhando seu caminho. Love já possue um álbum de 2008 intitulado This Is Babylon e prepara outro para ser lançado no início de 2011 cujo título provisório é This Is Unity, disco no qual continuará fazendo o "hip-hop kosher", termo utilizado para classificar seu trabalho na XXL Magazine. Vale lembrar que o rapaz também divide o tempo de produção do seu novo álbum com seus projetos e ações de ativismo político.

 

Algo nada político mas bem engraçado vem lá das bandas da África do Sul. Se os hipsters (leia AQUI um tratado sobre hipsterismo escrito recentemente aqui no inbrog) norte-americanos ainda não encontraram bandas de rap que fossem suficientes "hip" ou "hype", nossos amigos sul-africanos com certeza fazem muito bem o serviço (Hip Olívia deve estar pulando de alegria!). Dois representantes dessa nova safra que tomou o pop sul-africano e teve até mesmo impacto internacional são as bandas trutadas Die Antwoord (foto acima) e Jack Parow (rapper solo da foto abaixo). O que esses dois grupos possuem de peculiar é o fato de serem compostos por jovens de origem afrikaner: grupo étnico sul-africano descendentes de holandeses e responsável pelo estabelecimento e manutenção do regime de apartheid naquele país (se você tem interesse nessa parte da história leia um ou dois capítulos do catatau Origens do Totalitarismo de autoria da filósofa de origem judaíco/alemã Hannah Arendt (1906-1975), onde a autora explica o processo de formação desse grupo naquele país). Mas como não estamos estamos numa aula de sociologia ou história voltemos ao rap...
http://www.homegrown-events.com/assets/Uploads/_resampled/ResizedImage600415-JackParow-store-entranceAntonie-Robertson-HR.jpg
O Die Antwoord é composto pelos rappers Ninja e Yo-Landi Vi$$er mais o DJ Hi-Tek (não confundir com Hi-Tek, produtor, DJ e parceiro do rapper novaiorquino Talib Kweli). Os três componentes são amiguinhos de infância e cresceram juntos na cidade de Cape Town. A banda chega a lembrar os pretos doidões do Wu Tang Clan em seus tempos de glória devido as referências a artes marciais (kung fu, samurais, ninjas etc), sexo e cultura pop. De acordo com Ninja, o som deles pode ser classificado como rap-rave next level shit (leia entrevista com o rapaz em inglês AQUI). No começo do ano o Die foi a sensação da Internet por algumas semanas quando o lançamento do vídeo Zef Side (assista logo abaixo), com parte da canção Beat Boy mais uma rápida entrevista com a molecada, bateu três milhões de acessos em poucos dias fazendo com seus rostos passassem a ser conhecidos no mundo todo.



A sonoridade da maior parte das músicas do Die Antwoord soa como uma mistura de batidas de old school hip-hop com elementos de uma ainda debutante música eletrônica nos anos 1970/1980, coisas a la Kraftwerk e house farofa. É bem festa e dançante! Dê uma checada no site dos caras (AQUI), lá é possível ouvir as faixas do álbum que será lançado pela Interscope Records e cujo título é $O$. Uma das canções presentes no disco é Enter The Ninja cuja versão suja pode ser vista no vídeo abaixo.



Jack Row é o mais debochado da patota. Vestindo um enorme boné ridículo e rimando letras auto-irônicas com referências a sua origem étnica ele é aquele que melhor incorpora o tipo de humor blasé do hispterismo norte-americano, mesmo sendo sul-africano. Zander Tyler, o nome de pia do moço, é originário de Belville, Western Cape (região que hoje faz parte da Great Cape Town). O rapaz ficou mais conhecido após sua participação na canção Die Vraagstuk da banda de rock Die Heuwels Fantasties (assista AQUI). Numa apresentação do ano passado o mocinho mandou a seguinte rima fazendo uma espécie de apresentação em afrikaner:

Hello, my naam is Jack Parow. Ek hou van Afrikaans. Ek hou van rap. Ma' rap is boring en is oorval met mense wat nie weet wat hulle doen nie. Ek is hier om hulle almal te wys hoe om dit reg te doen. Ek maak musiek saam met my vriende. Ek hou van drink, gevaarlike karre, gevaarlike paarties, gevaarlike cherries, braai en rugby. My musiek lat jou glimlag. My musiek lat jou huil. My musiek lat jou dans en my musiek lat jou dink. Ek het groot geword op die strate van Bellville en Parow en in die Wonderland games arcade in Tygervalley. Ek rook Dunhill sigarette en drink Wellington brandy. Ek hou nie so baie van sokker nie, want ek verstaan nie die reëls nie, ma' ek is besig om te leer, so hopelik hou ek gou daarvan. Ek hou nie van mense wat nie hou van Afrikaans nie. My song "Die Vraagstuk" saam met Die Heuwels Fantasties som my goed op, so luister dit. My musiek is eerlik. My naam is Jack Parow, romantiese Afrikaanse superster rapper. Kief Ki.

Algo do tipo:

Olá, meu nome é Jack Parow. Eu gosto de Afrikaners e curto rap. Mas o rap anda chato e cheio de pessoas que não sabem o que estão fazendo. Estou aqui para mostrar a todas as pessoas como fazer rap de forma decente. Eu produzo música com meus amigos. Eu gosto de beber, carros perigosos,  festas perigosas, garotas perigosas, churrasco e rugby. Minha música te faz sorrir. Minha música faz você chorar. Minha música faz você dançar e minha música faz você pensar. Cresci nas ruas de Bellville e Parow entre fliperamas de Wonderland no Tygervalley. Eu fumo cigarros Dunhill e bebo conhaque Wellington. Eu não gosto de futebol tanto assim porque não entendo as regras, mas estou ocupado aprendendo e espero que logo logo eu goste. Eu não gosto de pessoas que não gostam de Afrikaners. Minha música, Die Vraagstuk, produzido com Die Heuwels Fantasties, me resume muito bem, então ouça-a. Minha música é verdadeira. Meu nome é Jack Parow, rapper superstar romântico afrikaner. Legal Legal.


Confira o vídeo da canção Cooler as Ekke do moço logo abaixo:



E aqui o som Dans Dans Dans (o vídeo é engraçado, só não consegui entender o que ele fala! :) O estranho mesmo é que pelos vídeos, tanto do Die como de Parow, a África do Sul se aparenta mais a Austrália do que um país com maioria negra.



Da África do Sul para... Oriente Médio (ou América mesmo!).  Pois é, te dou um pirulito se você disser o que foi que aumentou pelas bandas do Ocidente logo depois do ataque ao World Trade Center em 11 de setembro de 2001? Ok, foram até mesmo criados termos como islamofobia para se referir as discriminações e preconceito que pessoas de origem árabe (categoria geográfica) e/ou religião islâmica/muçulmana passaram a ser vítimas? Aliás, vou pedir ajuda aos universitários... Francirosy Ferreira, minha amiga antropóloga especialista em cultura islâmica, explica aí "pá nóiz" a diferença entre islâmico e muçulmano! E car@ leitor@, não confunda o islâmismo ortodoxo com a religião dos muçulmanos pretos, Nação do Islã, da qual o truta Malcolm X foi líder aqui na América (deles!). Muita confusão? Voltemos pro rap... Sim, rappers muçulmanos não são nenhuma novidade uma vez que temos aí o amigão Mos Def, o carinha de bebê Lupe Fiasco ambos de origem islâmica e vários outros grupos de uma forma ou de outra possuem vínculos com a Nação do Islã. Na verdade, essa relação entre hip-hop e islamismo pode ser traçada a partir dos anos 1970 como demonstra o livro The Five Percenters: Islam, Hip-Hop, and the Gods of New York, de autoria de Michael Muhammad Knight (falo mais desse autor um pouco abaixo). Porém, como já afirmei anteriormente a respeito dos músicos de origem judaíca, artistas islâmicos não incorporaram necessariamente o tema da religião em suas letras (apesar da consciência social e política presente nas letras do brotha Def, por exemplo). Entretanto, a cena vem mudando paulatinamente.



O grande número de jovens com ascendência árabe nos EUA, a globalização que trouxe a dinamização das formas de comunicação e a influência do hip-hop criou uma nova leva de artistas no que vem sendo chamado de rap árabe ou islâmico. Esse movimento, entretanto, está ligado a uma tendência maior de criação de subculturas entre a juventude islâmica morando nos EUA como uma literatura peculiar e bandas de punk-rock. Na foto acima é possível ver o escritor Michael Muhammad Knight, autor de The Five Percenters e The Taqwacores (2009), romance que descreve o cotidiano e as figuras de uma casa punk islâmica na cidade de Buffalo, New York. O título do livro combina os termos taqwa (piedade em árabe) com hardcore (termo para vários gêneros de rock underground). Leia reportagem do jornal New York Times sobre o livro clicando AQUI O aumento da discriminação e da violência após o 11 de Setembro também contribuiu para que a molecada buscasse colocar a boca no trombone de formas diversas e o livro de Knight fornece elementos para a construção de uma nova identidade islâmica jovem com menções a Osama Bin Laden, grandes corporações, petrodólares e como é ser jovem e islâmico no Ocidente atual. Muitas vezes o fato de ser ocidental e de ascendência árabe/islâmica é colocada de forma irônica como no vídeo abaixo no qual um jovem afro-americano de nome Tehran, estudante de direito em Washington D.C., demonstra sua fascinação pela cultura iraniana/persa.



Contudo, dois ocorridos recentes aqui em New York Shittt! exemplificam o clima barra pesada que árabes/muçulmanos enfrentam diariamente. Semanas atrás um motorista de táxi foi esfaqueado por um passageiro após responder afirmativamente a pergunta do passageiro que fazia a corrida sobre sua origem muçulmana. O jovem norte-americano gritou a saudação islâmica "As-Salam Alaikum" (Que Alá esteja com você e o proteja!) e logo em seguida passou a desferir golpes de punhal no rosto e pescoço do motorista que ficou bastante ferido, mas sobreviveu. Outra polêmica que tem sido manchete de jornais e reportagens de TV é o projeto de construção de um centro de cultura islâmica próximo ao lugar que foi um dia o World Trade Center, algo que tem gerado debates bastante acalorados entre poder público, intelectuais, líderes religiosos e políticos locais. Numa pesquisa realizada pelo New York Times recentemente noventa mil pessoas foram questionadas se eram a favor ou contra o estabelecimento do centro e 50% se posicionaram de forma contrária. É dentro desse contexto que despontam rappers de origem árabe como Omar Offendum e The Narcicyst. Assista vídeo da canção Destiny de Offendum logo abaixo onde o mesmo rima em inglês e árabe.



Offendum se apresenta como um MC/produtor sírio/norte-americano que nasceu na Arábia Saudita, foi criado em Washington D.C. e mora atualmente em Los Angeles. Seu álbum de estréia intitula-se Syriana-americanA. Já The Narcicyst é um MC com mestrado na área de mídia. De origem iraquiana, ele nasceu nos Emirados Árabes e foi criado no Canadá. Os dois rappers são amigos, ativistas políticos e possuem um coletivo que atua em questões relacionadas ao Oriente Médio como a causa palestina e o Iraque. O vídeo da canção P.H.A.T.W.A. (logo abaixo) tem um ar debochado ao mesmo tempo que crítico fazendo alusões as discriminações que árabes passaram a sofrer nos aeroportos internacionais depois de 2001. Em certa altura, o rapper chega a ensinuar que os "iraquianos são os novos negros."



Boas batidas, boas rimas e bom humor (com ou sem posicionamento político!)... Sejam bem-vind@s as novas tendências do rap contemporâneo.

Muita Paz!

sábado, 4 de setembro de 2010

Serra Serra Serrador...

Serra Serra Serrador...


Serra a grana do papai... Serra a grana da titia...


Serra a grana do vovo... Serra a grana da vizinha...

 
Arte de Filipe Piza Levi


Muita Paz (inclusive pro Serra)! :)

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Odeio Primeira Semana de Aula, Mas Adoro o Professor Anani!

Mais um post da série "Eu Odeio!"  É, eu odeio primeira semana de aula! Como escrevi no Twitter (@NewYorKibe, me segue lá, porra!) hoje, "Você só gosta da primeira semana de aula quando está no seu primeiro semestre de graduação ou pós!" Fora dessas situações o começo de aulas é o início da tortura. Cada professor aparenta ser PhD em sadismo e quer literalmente lhe matar. Apresentações, resumos, resenhas críticas, trabalhos finais que podem chegar a 50 páginas e uma carga de leituras que frequentemente envolve de dois a três livros por semana (quando somadas as leituras das três disciplinas!). É nessas horas que você se pergunta: "What a fuck I am doing here?" Mas o que dá mais raiva mesmo é encontrar com os calouros (seja de graduação ou pós-graduação) pelo campus felizes da vida! Pobres coitados, deixa chegar as finals...



Pois é, mas a vida acadêmica conta também com figuras que deixam a gente mais animado e leve. No último final de semana dei um pulo em Providence, Rhode Island, para visitar minha amiga Fabiana Lima que deixava os EUA depois de cinco meses estudando na Brown University. Nessa passagem rápida pela cidade tive a oportunidade de me encontrar com o professor Anani Dzidzienyo. Originário de Gana (sim, falamos da Copa e da partida contra o Uruguai!), professor Dzidzienyo fez sua formação nos EUA e Inglaterra entre os anos 1960 e 1970. Em 1972 ele se tornou professor da Brown University onde leciona até hoje. Sua área de pesquisa e interesse é América Latina com enfâse no Brasil e relações raciais.  Junto com o historiador norte-americano Thomas Skidmore professor Anani foi, direta ou indiretamente, responsável pelo surgimento e formação da segunda geração de "brasilianistas" (acadêmicos norte-americanos que tem o Brasil como objeto de pesquisa), especialmente afro-american@s interessad@s em relações raciais. Estamos falando de figuras do porte de Michael Hanchard (John Hopkins University), Melissa Nobles (MIT), Kim D. Butler (Rutgers University) entre outros. Skidmore, atualmente beirando os 80 anos, foi substituído na Brown em 2005 pelo historiador James Green, pesquisador que possue um importante trabalho focando o homossexualismo no Brasil. Professor Dzidzienyo, por sua vez, mesmo do alto dos seus quase 70 anos continua lecionando no Department of Africana Studies da Brown. Vale lembrar que a Brown é talvez o mais importante centro de estudos sobre o Brasil nos EUA.





Apesar de termos muitos amigos em comum (como meu ex-orientador Antonio Sérgio Guimarães [USP] e minha amiga Uju Anya, sua ex-aluna), nunca havíamos nos encontrado pessoalmente. Meses atrás enviei a ele uma cópia de minha dissertação de mestrado defendida na USP. Nela reconstruo  parte da trajetória política, intelectual e ativista de Abdias do Nascimento, a maior liderança do movimento negro brasileiro e amigo pessoal de Anani. Tal qual não foi minha surpresa quando o professor Anani me presenteou na segunda-feira com três páginas de comentários de meu trabalho além de um delicado cartão com símbolos da mitologia ganense. A conversa também foi animada uma vez que o professor teve oportunidade de encontrar-se com uma série de figuras do mundo acadêmico/ativista brasileiro que só conheço via livros como o antropólogo/folclorista Édson Carneiro (1912-1972), o sociólogo Luiz Aguiar Costa Pinto (1920-2002), o ativista/sociólogo Alberto Guerreiro Ramos (1915-1982), o ator negro baiano Mário Gusmão (1928-1996) dentre outros. Para além disso, o professor é uma figura carismática, simpática e de riso fácil, o que facilita tudo! Esses fatos me fazem pensar que o mundo acadêmico pode ser um pouco menos chato do que é...

 

Bem, uma vez que a loucura das aulas voltou, não esperem tanta regularidade nos posts desse blog como ocorreu nos últimos meses. Mas na medida do possível escreverei...

Muita Paz!

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

100 Anos de Loucura: Corinthians!

 

Depois das 130 mil pessoas que compareceram ao Vale do Anhangabaú, região central de São Paulo, na noite de ontem (31/9) para prestigiar o show em comemoração aos 100 anos do Poderoso Timão, não há muito o que falar sobre a Nação Corinthiana. Como diz o velho ditado maloqueiro: "quem é é, quem não é cabelo avoa!" Deixo vocês com o rap de Rappin Hood homenageando o Timão nos seus 100 anos de existência.


Muita Paz à Tod@s (corinthian@s ou não!)...