terça-feira, 11 de outubro de 2011

Vocês Não Estão Sozinhas: Homens Negros Feministas em Ação

 

Tradução do texto You Are Not Alone: Black Male Feminists in Action de Charles H. F. Davis III publicado na Clutch Magazine em 10 de outubro de 2011. Acesse o texto original clicando AQUI

Feminismo masculino, e feminismo negro masculino em particular, são tópicos relativamente novos dentro dos discursos de gênero masculino-feminino. Com a crescente insatisfação e intolerância global por injustiça, especialmente à agora altamente visível opressão de mulheres e garotas, esta conversa é mais pertinente do que nunca.

Clutch previamente publicou um artigo sobre a aversão de um homem ao feminismo  (leia AQUI) e outro sobre a jornada pessoal de um homem em direção ao pensamento feminista (leia AQUI). Sendo assim, alguém poderia perguntar: “há ainda necessidade para outro artigo neste tópico tão cedo?” Sendo que desde a publicação de quaisquer dos artigos citados, nem depois da publicação deste, o comportamento opressivo masculino ou a adoção de auto-imagens negativas por mulheres e garotas se cessará, há certamente lugar para continuar esse diálogo.

Aqui são oferecidas algumas poucas reflexões sobre a minha epifânias em relação a idéias opressivas sobre masculinidade, pensamento negro feminista masculino e o meu próprio trabalho como o de colegas educadores de jovens homens negros. Nesse aspecto, este artigo espera não somente definir mais concretamente essa noção de pensamento [negro] feminista masculino, mas também lançar luz sobre porque ele é importante e o que esta idéia pode e deve se parecer na prática.

Enfatizar questões entre grupos e sub-grupos oprimidos é a tarefa do ativismo. Geralmente mal interpretado, ativismo não é meramente as muitas e várias vozes em primeira pessoa de vítimas assumidas falando sobre a posição daquelas vozes sendo articuladas por todas as pessoas em nome da humanidade. Isto dito, o feminismo para além dos mitos sensacionalistas do final dos anos 1960 e início dos 1970, muitos dos quais ostensivamente brancos, é uma forma de pensamento que apóia as vozes de mulheres mais do que silenciá-las em um mundo de dominação masculina. Por esta razão, e apoiado pelos recentes trabalhos de Deborah MacDowell e Michael Awkward, eu – um homem negro heterossexual – acredito que cabe aos homens negros tomar a responsabilidade de serem defensores e aliados das mulheres negras por uma justa percepção, enquadramento e tratamento das mulheres por nossos colegas homens, predecessores e contemporâneos.

Se incumbir do papel de defensor e aliado é uma ação participativa. Muitas críticas vindas da academia e blogosfera geralmente de maneira acurada sugerem que não há lugar mais para um “ativismo de armário” no século XXI. Eu, ocupando ambos lugares, tenderia a concordar que a maior parte da retórica sem agência – a intencional habilidade para intervenção e ação – está sujeita a debate. Tal como, o que ocorre na frente das mesas de comentadores, sábios, acadêmicos e escritores é tão importante quanto o que ocorre por trás delas. Para mim e vários outros homens, este é precisamente o trabalho no qual estamos engajados.

No final dessa semana estarei na Syracuse University para falar com a fraternidade dos homens de cor sobre humanidade e masculinidade. É minha esperança que através de nosso diálogo coletivo como homens nós possamos começar a desafiar e mudar nosso entendimento sobre não somente sobre o que significa ser um homem, mas também pessoas vivendo vidas válidas de se lembrar da oportunidade de mudar o mundo. Através do entendimento de questões de misoginia dentro da vida da faculdade e fraternidade e seus efeitos não somente sobre mulheres mas homens também, esses estudantes podem começar a agir. Este tipo de trabalho é imensuravelmente importante no que diz respeito a tarefa de auxiliar e assistir a desconstrução de masculinidades destrutivas – idéias e performances de masculinidade – muitas das quais oprimem diretamente mulheres. 

De workshops de larga escola como essa a conversas diárias com homens negros em meu campus, o trabalho de construir uma grande comunidade de homens negros progressistas está sendo feito. Não somente na área do feminismo masculino engajado, mas também nos tópicos de heterosexismo e homofobia; contudo, isto é outra conversa para outro dia. Similarmente a mim, a retórica e ação participativa com jovens homens negros e garotos de Jonathan Berhanu, Frank Harris, Tyrone Howard, David Ikard, Howard JeanDumi Lewis, Keon McGuire e incontáveis outros é um testemunho que meus esforços não são e nem deveram ser uma exceção.

Cada um de nós tem uma única chance de replicar a nós mesmos nas vidas dos outros. Em entender a longa história da dominação masculina, e resistência feminina/feminista a esta dominação, nós devemos compreender que a luta por igualdade e equidade nem começa nem termina conosco. Para estes jovens homens negros e garotos, sendo influenciado pelo contágio de uma idéia – construindo uma realidade melhor para esposas, mães, irmãs e filhas ainda não nascidas –, ótimos avanços podem ser feitos. Deixe este artigo de algum modo e em termos inequívocos re-inspirar esperança e fé para as mulheres negras saberem que elas não estão sozinhas; nós estamos com vocês e em oposição a todas as coisas que estão contra vocês. Nosso comprometimento como inovadores, educadores e motivadores é de criar novas gerações de “novos homens negros” de Mark Anthony Neal, os quais são conscientes do seu papel no avanço das mulheres como meios de avançar a si mesmos. O artista/ator Common nos lembra que, “quando nós diminuímos nossas mulheres nossa condição parece piorar.” Este é o nosso grito de batalha, que vitória possa ser conquistada.